Oficina de grafiti no CAC – UFRRJ, primeiro semestre 2010
Na foto, Pedro, Tiger boys, “ menino bala”
Trabalhar com arte e educação me faz pensar em uma mistura
de expedição com aventura, pois me faz perceber dois momentos de natureza
distintas e complementares, a objetividade e a subjetividade, não sempre nessa
ordem, principalmente se tratando de grafiti, que na maioria das vezes seus
praticantes começam sem um professor, a partir da sua vontade e atitude, que é
essencial pra quem deseja pintar nas ruas.
Muitos se sentem presos quando lhes é apresentado regras para um fazer
artístico, e logo todos declaram querer fazer do seu jeito, como forma de
afirmar uma identidade, mas os que se aprofundam no estudo da linguagem, acabam
por se apropriar dela, compreendendo seu funcionamento, e a se movimentar em
seu interior descobrindo que seus caminhos são infinitos.
É como caminhar numa trilha encontrando os rastros dos que
passaram por ali, e deixando suas próprias marcas, até chegar na beira de uma
cachoeira de 15 metros sem rota alternativa, aventura!
Pouco depois eu sai da oficina de grafiti, achava que outra
pessoa poderia abrir possibilidades com outro ponto de vista sobre o tema.
Enquanto professor, eu buscava apresentar um conteúdo básico fruto da minha
experiência com grafiti, e tentava enxergar em cada um suas potencialidades,
hoje eu sinto falta desses momentos, e agradeço a todos que ali passaram
alimentando aquelas horas que dedicamos a olhar pra nós mesmos, para descobrir
nossas próprias demandas ao invés de só atender as demandas do mundo. O desafio
árduo da arte é o de se expor, se mostrar, e vocês o fizeram com ímpeto e
beleza, espero que a experiência tenha marcado a vocês tanto quanto a mim,
máximo respeito.
QUIN